AMMP

Memórias de uma noite histórica

A AMMP, em noite especial, no dia 29 de novembro, agraciou notáveis com a Medalha Ozanam Coelho e homenageou os Procuradores de Justiça Alceu José Torres Marques e Epaminondas Fulgêncio Neto.

O Procurador de Justiça Alceu José Torres Marques recebeu uma placa comemorativa por ter sido o primeiro representante do Ministério Púbico Estadual a realizar sustentação oral perante ao STF. Já o Procurador de Justiça Epaminondas Fulgêncio Neto teve sua fotografia inaugurada na Galeria de ex-Presidentes da AMMP.

Compuseram a mesa do evento: o presidente da AMMP, Enéias Xavier Gomes, o 1º vice-presidente José Silvério Perdigão, a 2ª vice-presidente Larissa Rodrigues Amaral, o Procurador-Geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, a Procuradora de Justiça e Ouvidora do MPMG, Maria Conceição de Assumpção Mello, o Procurador de Justiça e chefe de gabinete da Corregedoria do MPMG, Rodrigo Souza de Albuquerque, o
Desembargador do TJMG Vitor Inácio Peixto Parreiras e o Presidente da Amagis Alberto Diniz Júnior.

Agraciados com a Medalha Ozanam Coelho:
Dermeval Farias Gomes Filho – Promotor de Justiça e conselheiro do CNMP (Biênio 2017/2019)
Lauro Machado Nogueira – Promotor de Justiça e conselheiro do CNMP (Biênio 2017/2019)
Marcelo Weitzel Rabello de Souza – Procurador de Justiça e conselheiro do CNMP
André Prado de Vasconcelos – Juiz federal do TRF-1 vicepresidente da Ajufe (Biênio 2016-2018)
Norma Angélica Cavalcanti – Promotora de Justiça e presidente da CONAMP (Biênios 2014/2016 e
2017/2018)
Maurício Torres Soares – Desembargador e presidente da Amagis (Biênio 2016/2018)

Confira na íntegra o discurso do presidente da AMMP, Enéias Xavier Gomes, proferido aos agraciados: Hoje é uma noite especial. Eis que partilhamos do manjar supremo que são o reconhecimento e a amizade a quem, de fato, tem prestado relevantes serviços a AMMP e ao MPB, na certeza de que o que faz o mundo humano não são as coisas. São as relações.

Cumprimento os colegas na pessoa do nosso PGJ, que muito nos honra.

Aos agraciados, em nome da classe, nós vos enviamos muito saudar.

E aqui me ponho a matutar que é chegada a hora do Ministério Público Mineiro se ufanar de seus membros, amarrando o bairrismo com mais estreitados laços de amor, de lealdade, de reciprocidade aos de casa e aos que, ainda não pertencentes à carreira, o são de afeto.

Hoje, no verdejar dos 30, em que o amadurecimento Institucional nos leva a achar engraçado e até nostálgico o que de ruim ou de bom nos tenha acontecido ao longo da história pos 88, somos, por um lado, surpreendidos com as tentativas de aniquilamento, mas, por outro, brindados com pessoas que muito nos orgulham.

Daí que as homenagens de hoje vão registradas em placa, fotografia e medalhas para que o nosso reconhecimento jamais se perca nos azares do tempo ou da correria da vida. Aliás, registros que não fazemos há 4 anos, dada a necessidade de escolha dos homenageados com lupa e pautada por detalhes admiráveis. Partilho-os brevemente:

A foto do Prof. Epaminondas Fulgêncio já se encontra gravada em bronze no coração desta casa desde 1989, quando substituiu o amigo “Monteirinho”. Hoje, a registramos para o porvir. Aliás, casa em que ele sempre timbrou com orgulho o posto ocupado e que nunca deixou de frequentar e reverenciar, fazendo daqui o seu lar.

Em futuro breve, contar-se-á a história de um homem que exerceu os mais importantes cargos na nossa carreira e que, no empenho de manter as pegadas da integridade e honradez, herdada de seu pai, nosso Prof. Decio Fulgêncio, sempre nos brindou com os mais elevados valores morais. De uma fidelidade canina (aliás eu vivo esse testemunho, desde quando vim para a AMMP, passando inclusive pelo último pleito eleitoral), amizade sincera, inteligência e trabalho com afinco, descobriu, em 1984, um dos maiores tesouros de sua vida, o MP.

Parafraseando as Epístolas de São Paulo, Epaminondas é desses poucos que pode dizer: “já não sou eu quem vive do Ministério Público, é o Ministério Público que vive em mim”.

E por falar em história Ministerial, cumpre-nos reverenciar o nosso Alceu José Torres Marques, que tem na boa prosa, a maior declaração de afeto genuíno. Se José Batista de Queiroz o conhecesse, lhe definiria como um autêntico mineiro: “não diz o que faz, nem o vai fazer, finge que não sabe aquilo que sabe, fala pouco e escuta muito, passa por bobo e é inteligente, vende queijos e possui bancos. E assim, sem jamais perder a alegria e o trem da história, muito nos honrou com a primeira sustentação oral feita por
um PGJ no STF, abrindo um enorme caminho de atuação aos MPEstaduais. E este foi apenas um, dos muitos belos capítulos escritos ao longo da carreira, inclusive como Presidente desta casa.

E hoje é momento também para prestarmos reverência aos que sempre nos apoiaram, lutando por nossas bandeiras, ainda que sem integrar a Instituição. O Juiz Andre Prado de Vasconcelos é um desses. Entusiasmado, como um cavaleiro andante, em inúmeras oportunidades compartilhou com a AMMP portas por ele abertas. Jamais nos negou apoio nas batalhas Institucionais, sempre prontamente solidário. Nos momentos em precisávamos de apoio, nunca fez suspense de uma dúvida. O sentimento que me parece mais apropriado é o de gratidão. Aristóteles dizia que nenhum bem supre a ausência da amizade. Temos a graça em tê-lo como amigo. Importante também o reconhecimento ao Desembargador Maurício Soares, que conheci no mesmo tempo em que ia também me familiarizando com a vida associativa. De nossas andanças por Brasília e até confidências das agruras associativas, trago recordações que hão de me acompanhar por toda a vida, pois com ele caminhei ao lado na trincheira associativa. Nesses tempos em que não houve temperatura amena, Maurício sempre se revelou admiravelmente lúcido. De aura otimista, tive ocasiões de apreciar o seu trabalho, sempre com afinco e ardor, deixando um campo de erva ceifada na AMAGIS. É hora de exaltar nossa Presidente Norma Angélica. Há episódios de sua presidência na Conamp que não me saem da memória, sobretudo o dia a dia de um palmilhar extenuante e até inglório pelo Congresso Nacional. Norma ia à frente, puxando aquele bando de homens e abrindo, muitas vezes forçosamente, os caminhos. Adentrava nos gabinetes com seu jeito baiano, “me ajude”. Ali, fui descobrindo que era um traço de seu modo de ser e de servir – a quem quer que fosse. Saía ela pelas galerias, que tão bem conhecia, pois que se enveredava por onde fosse, catando os mais belos argumentos, seja a matéria que fosse. Finda a tarefa, à guisa de uma apreciadora da boa comida, raramente se esquecia de nos convidar ao bar Brasília, entre o petiscar e o bebericar (que nos diga o Perdigão). E, aí sim, oferecia calmaria.

De tudo isso e o muito mais, entregava-se à função, legando-nos uma atuação exemplar, e trazendo-nos com laçadas firmes de solidariedade e amizade. Pondo-nos a relembrar, a a todo momento, que não era uma simples Presidente, mas singular personagem e obreira da rica história ministerial.

Aos amigos Dermerval Farias e Lauro Machado, que nunca pleitearam a palma do triunfo, também rendemos orgulhosamente nossas homenagens. A notícia da não recondução pelo Senado Federal explodiu com o fragor de uma bomba, tendo como epicentro a velha e nunca surpreendente política de Brasília. Imediatamente, colegas de todo o Estado perguntavam se era mesmo verdade, deixando transparecer, o sincero desejo e esperança de que tudo não passasse de boataria. Só que a má notícia, vinha atrelada a duas cruéis acompanhantes: a velocidade e a veracidade.

Sorte que o tempo é um remédio para as feridas que as batalhas nos impõem. Mas vale o fecho de conhecido romance:

Assim passou Nero, como passam o furacão, a tempestade, o fogo, a guerra e a peste… E desde então, das alturas do Vaticano, reina sobre a cidade e o mundo a basílica de São Pedro.

Perto da antiga Porta Capena, ergue-se hoje uma capela minúscula, com esta inscrição meio apagada: Quo vadis, domine?

Quando chegar o momento do tempo escrever a saga da história Institucional no século XXI, cada um de vocês terá nela merecido destaque, já que lhes cai como luva este trecho histórico.

Da mesma maneira e com muito orgulho, acompanhamos a trajetória do amigo Marcelo Weizel, de cuja pena vai se escrevendo a história do CNMP – com a pigmentação, o tom e a grandeza próprias de quem atua com serenidade, integridade e ponderação, valores típicos de quem muito enobreceu o Ministério Público Militar ao presidir aquela associação de classe. Marcelo no CNMP é um fio de Ariadne que nos guia neste labirinto de tempos de crise. Sempre aquecendo nossas almas nos momentos mais difíceis.

Para não mais espraiar no discurso, cujo sentimento de agradecimento são intransmissíveis por palavras, move-nos a pena do Português Gil Vicente: Necessário foi, amigos, / que na tristonha carreira/ desta vida,/contra os nocivos perigos/ de inimigos,/ houvesse alguma maneira/ de guarida./ Porque a humana transitória/natureza vai cansada/ de torpores,/ nesta carreira da glória/ meritória/ foi necessário pousada/ aos viajadores.

Portanto, ao fim e ao cabo, o nosso intuito nesta noite foi simplesmente de agradecer-vos, nossas pousadas, nessa vida de viajadores, uma vez mais, tudo quanto de belo e bom que recebemos dos vossos corações. E que a vida nos brinde com muitas outras ocasiões para estarmos juntos e para que nada se perca.Pelo menos, dentro da gente. Muito honrado.

Agraciados

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