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Membros do MPMG engrandeceram obra do IHGMG sobre o tricentenário do Estado

Parte constituinte da história do Estado, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais concebeu obra com análises, pesquisas aprofundadas e registros que remontam os 300 anos do nascedouro da civilização mineira. Artigos de associados jogaram luz a espaços e personagens simbólicos da terra do ouro.

Editado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) em parceria com a Editora Idea, lançado em dezembro na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, o livro “Minas Gerais 300 Anos” apresenta em 580 páginas trabalhos sobre temas referentes à história, geografia, genealogia e patrimônio cultural.

Nesta edição do AMMP Notícias, apresentamos entrevistas com os associados que participaram da obra e das atividades comemorativas do tricentenário:

Luiz Carlos Abritta – presidente do IHGMG e Procurador de Justiça aposentado. Abritta instituiu calendário de mais de 40 atividades culturais sobre a efeméride.

1- O que representou para o senhor estar à frente do Instituto durante o tricentenário de Minas Gerais?
Não digo estar à frente do Instituto porque o trabalho é coletivo, mas a honra de colaborar é grande para nós. No Sermão do Terceiro Domingo do Advento, Vieira nos ensina que “A verdadeira fidalguia é a ação. O que fazeis, isso sois, nada mais. ”

2- Como o Instituto se preparou para o marco histórico?
Quando a Diretoria atual assumiu, em 15 de agosto de 2019, no mesmo dia assinei ato determinando que fossem implementadas condignamente as palestras, os vídeos, os livros e montado arcabouço para a comemoração dos trezentos anos da Capitania. A história de Minas é importantíssima, tanto no campo material quanto no intelectual e tenho destacado sempre a parenética, com inspiração nos mestres Padres Manuel Bernardes e Vieira. Assim, a preparação para o marco histórico dos trezentos anos resultou em um trabalho de grande vulto, com a participação das Associadas, Associados e outros autores discorrendo sobre os temas propostos.

3- É possível mensurar qual o tamanho do acervo do Instituto que versa sobre a história de Minas Gerais?
Quanto ao tamanho do acervo do Instituto sobre a História, é difícil mensurar. A chamada “Casa de João Pinheiro“ possui livros e documentos raros, que são exibidos virtualmente nos vídeos, nos livros e revistas apropriados. Nossa biblioteca possui cerca de 30 mil volumes e vários pesquisadores vão até o Instituto colher dados nesse universo cultural.

4- Para o senhor, quais os fatos históricos do Estado o inspiram a continuar cumprindo a missão do IHGMG?
Já disse Umberto Eco que aquele que ignora o seu passado não pode projetar-se para o futuro. E Charles Simic, um dos maiores pensadores da atualidade, assim destacou a importância da História: “Se justiça e liberdade podem subir aos pedestais, por que não a História? ”.

Joaquim Cabral Netto – Procurador de Justiça aposentado, 1º Diretor de Comunicação Social do IHGMG. Autor dos artigos “Os patronos das cadeiras do IHGMG” e o “Teatro de Sabará – Casa da Opera”.

1- Para o senhor, qual a importância de revisitar registros históricos de Minas Gerais no ano do tricentenário?
Um pais sem história é um pais sem futuro. Sabará foi uma das primeiras vilas que surgiram na capitania de Minas Gerais. Nela formou-se grande parte da cultura social, econômica e artística de nosso estado. Dentro dessa formação cultural, o teatro foi o segundo criado em Minas em uma época em que as igrejas e o teatro eram o centros de comunicação e entrosamento social.

2- No livro Minas 300 anos, o senhor abordou o Teatro de Sabará. Qual o tamanho do teatro na história tricentenária de Minas Gerais?
Com relação a sua importância política da época, basta dizer que os imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II lá estiveram, ocasião em que foram tratados vários assuntos de interesse regional e provincial. Os dois imperadores foram saber como estava o estado . Discutiam o que fazer para Minas. Quando Pedro I esteve lá, ao final surgiu uma questão ligada ao império e ao próprio imperador. Quando Dom Pedro II lá esteve, foram levantados e discutidos assuntos ligados à escravidão. Vejam como era importante o teatro.

3- No livro, o senhor também abordou a história do IHGMG. É possível dizer que o IHGMG também é parte constituinte dos 300 anos de Minas?
Estou preparando um livro em que eu trato especificamente do instituto e a sua importância para a história. Foi o próprio o primeiro governador de Minas Gerais que o fundou o Instituto, na época, João Pinheiro, pai de Israel Pinheiro, que também foi governador. O título do livro vai ser: “Uma história dentro história”. O instituto faz parte da história de Minas Gerais. Espero que o livro seja uma contribuição.

Marcos Paulo de Souza Miranda – Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais de Minas Gerais (CAOCRIM) e 3º vice-presidente do IHGMG. Autor dos artigos “Apontamentos Históricos sobre a sedição de Vila Rica e seus principais personagens” e “A genealogia de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho”

1- No artigo sobre a sedição de Vila Rica, o senhor sinaliza que outras questões devem ser analisadas para se chegar ao real motivo do movimento, uma vez que os revoltosos tinham dívidas com a Coroa. Como o senhor analisa e interpreta os registros para fugir de simples maniqueísmos historiográficos?
Em minhas pesquisas, sempre procuro descobrir fontes primárias inéditas (registros documentais) que possam ajudar a esclarecer os fatos do passado. Infelizmente, boa parte do que aprendemos nos livros de história são interpretações antigas, não raras vezes dissociadas do que encontramos em registros documentais hoje disponíveis para pesquisas. É preciso paciência para pesquisar os velhos documentos e, uma vez descobertos, fazer a melhor análise crítica para a reconstituição dos fatos pretéritos.

2- Embora seja uma das mais proeminentes figuras do Estado, Aleijadinho tem sua história contada de maneira tortuosa devido aos registros escassos. Em seu artigo sobre o artista, é demonstrado que existem incongruências sobre a vida de Antônio Francisco Lisboa contada por outros historiadores. É possível que novas informações sobre Aleijadinho continuem sendo encontradas?
A verdade é que, afora a pioneira pesquisa de Rodrigo Bretas ainda no século XIX, poucos foram os que se dedicaram a pesquisar a biografia de Aleijadinho e, aqueles que o fizeram, se dedicaram muito mais à obra do artista do que ao próprio homem. Não há dúvidas de que ainda muitas coisas serão descobertas e reveladas sobre ele. Depois do livro que publicamos sobre ele em 2014 (O Aleijadinho Revelado, Fino Traço), por exemplo, já descobrimos novos aspectos interessantíssimos sobre o erudito escultor.

3- Ao revisitar estes trechos da história de Minas Gerais, o que mais te surpreendeu?
A enorme riqueza da história de Minas Gerais e o pouco conhecimento que se tem sobre ela.

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