Luiz Carlos Abritta, um dos grandes nomes do MPMG e da intelectualidade mineira, deixou a vida para ocupar espaço indelével na história das instituições em que atuou e presidiu. O Procurador de Justiça aposentado faleceu no dia 17 de novembro, no Hospital Materdei, em Belo Horizonte, aos 86 anos.
Filho do juiz de Direito e poeta modernista Oswaldo Abritta e de Yolanda Nery Abritta, Luiz Carlos Abritta nasceu em 24 de janeiro de 1935, em Cataguases, na Zona da Mata Mineira. Tal berço formou seu gosto pelas palavras e leis. Tanto que cursou Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já em 1964, assumiu o cargo de Promotor de Justiça em Rio Piracicaba, onde permaneceu até 1970. No mesmo ano, atuou em Minas Novas e partiu para Brumadinho, como Promotor de Entrância Intermediária.
Após quatro anos, foi promovido Promotor de Entrância Final e passou a trabalhar em Itabira. Em 1978, foi promovido Promotor de Entrância Especial em Belo Horizonte e permaneceu no cargo até chegar a Procurador de Justiça em 1982, quando assumiu o cargo de membro do Conselho Penitenciário do Estado de Minas Gerais.
Luiz Carlos Abritta foi indispensável para a AMMP. Presidiu a associação no biênio 1979-1981 e inaugurou sua primeira sede, há 40 anos, na rua Paracatu 472. No papel institucional, foi representante da luta permanente pelo fortalecimento do Ministério Público. Também foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais, conselheiro e presidente do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (seção Minas Gerais) além de ter sido o primeiro presidente da Academia de Letras do Ministério Público de Minas Gerais, fundada em dezembro de 2012. Com diversos livros publicados, recebeu notórias premiações na área literária, incluindo o da Societé Académique des Arts, Sciences et Lettres – Paris (FRA). Incansável, foi eleito, em 2019, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG). Seu mandato seria encerrado em 2022. À frente da entidade, instituiu, em 2020, calendário de mais de 40 atividades culturais sobre os 300 anos de Minas Gerais. No IHGMG, Luiz Carlos Abritta foi ocupante da cadeira de número 82, cujo patrono é o senador Levindo Coelho.
Não bastasse o êxito no MPMG, alcançou o sucesso profissional no setor privado. Contratado pela AMMP para fazer a defesa de membros do Ministério Público em processos envolvendo a atuação ministerial, o Escritório de Advocacia Luiz Carlos Abritta foi eleito como 80º mais admirado do Brasil em 2017. A lista foi divulgada pela empresa Análise Editorial. A seleção, que em 2021 completou 13 anos, elege anualmente os 500 melhores escritórios do país por meio de pesquisa realizada com os principais responsáveis pela área jurídica das 1900 maiores empresas do Brasil.
Em Nota divulgada pela AMMP, a Diretoria ressaltou a importância de Abritta para a instituição. “Com atuação destacada à frente de nossa classe, trata-se de uma grande perda não só para o Ministério Público, como para toda a sociedade brasileira, que deve seus agradecimentos ao Dr. Abritta pela luta no fortalecimento da independência e autonomia da Instituição. Homem culto e de grande sabedoria, deixa um legado de compromisso, luta, coragem e de muito trabalho, que ficará para sempre na lembrança de todos nós. ”
Luiz Carlos Abritta ainda viverá no MPMG e no Direito por meio do legado de seu trabalho e também por meio de seus filhos: o Procurador de Justiça Sérgio Parreiras Abritta e o advogado Luis Carlos Parreiras Abritta.
Essa trova que componho
não tem tempo, nem idade,
pois é o resumo de um sonho:
o grito da liberdade.
Trova de Luiz Carlos Abritta, publicada no livro “Sonho e Saudade – Trovas”