
“Qual é a diferença principal entre uma dança e uma briga? É a conexão entre as duas pessoas. Quando brigamos, dificilmente temos uma conexão com o outro porque na maioria das vezes estamos ocupados em atacar e defender. E sem conexão é difícil ter um diálogo. Ao contrário, numa dança estamos em sintonia com outro porque temos uma boa conexão”
É com esta percepção que o facilitador, gerente do Centro de Estudos Didáticos, em Gottingen, Alemanha, palestrante na Universidade de Humboldt (Berlin), na Universidade Técnica de Dresden e na Universidade de Ludwig-Maximilian (Munique), Sven Fröhlich, e a jornalista, facilitadora de processos, especialista em Gestão de Pessoas e Ontologia da Linguagem e Coaching Ontológico pelo Instituto Appana, Carolina Cassiano, dão forma ao ensino da Comunicação Não Violenta (CNV).
Realizado pela AMMP, no dia 1º de abril, o Curso de CNV apresentou técnicas e formas de entender o outro em um diálogo. Como explica Sven, é preciso enxergar a humanidade do outro.
“Mesmo em momento de conflito, é preciso enxergar a humanidade do outro. Quando enxergamos apenas um idiota, um agressivo, deixamos de ver o humano. A premissa da CNV é tentar enxergar alguma coisa além dos adjetivos e tentar entender o que move uma pessoa a agir de determinada forma. Não significa que vou concordar com o comportamento. Compreendo que por trás disso tem um motivo, uma necessidade que a pessoa tenta atender, tenta cuidar. Este movimento abre uma porta inteira para mim. Para entrar numa conversa. No momento que mostro para outro que eu o entendo, que eu me importo, se abre uma porta no outro. Ao mesmo tempo não significa que vou abrir mão da minha necessidade. ”.
De acordo com Carolina Cassiano, a CNV não se trata de apenas ignorar o conflito, mas sim abraça-lo. “Ao invés de deixar o conflito de lado, fingir e tentar manter só a harmonia, a gente abraça o conflito como uma grande oportunidade de fazer a nossa relação ter um nível de verdade. E um nível de cuidado mútuo”, relatou.
Impacto na atuação do MP
Ao partir de premissas não violentas de comunicação, Carolina acredita que as atividades dos membros do Ministério Público podem sofrer transformações. “Posso dizer que a CNV traz um paradigma muito diferente, que faz com que a gente vá além do certo e errado. O que a gente escuta destas pessoas que trabalham no mundo jurídico, e que vem contar para a gente é que isso torna o trabalho mais humano, mais completo e com outras soluções de longo prazo. Isso não quer dizer que vamos deixar de julgar, quer dizer passam a julgar de um lugar diferente”.